Ana
1 min readNov 21, 2022

Quando foi que deixei de ter medo de dormir com a luz apagada e passei a ter medo da vida?

Tento buscar no labirinto das minhas sinapses algum sinal de virada de chave, quando a realidade começa a ser moldada de um modo diferente. Quando dores se tornam antigas dores, quando o que fazia chorar já não faz mais, quando as fissuras causadas por uma decepção se tornam tão profundas que é preciso vasculhar porquês. Vem o choro, vem a raiva, o desespero. A solidão de se ver em um mundo feroz, que não entende e não quer entender a dor que se alastra por tudo, a dor que chega aos olhos já cansados de não dormir, de não acordar bem, de não sentir a alegria de se fazer vivo. Vem o silêncio que faz germinar dentro tudo que deveria ter virado grito. Gritar dentro é o mesmo que sentenciar a morte de um sonho colorido. É comprimir infinitos em espaços claustrofóbicos. É uma bomba que a qualquer momento vai explodir.

Vulnerável (até quando não quero ser)

Vivo situações passadas como se estivessem acontecendo agora e antecipo situações futuras por conta disso. E me pergunto quando? Quando me tornei um oceano de dúvidas sobre mim mesma? Quando deixei o tempo me atravessar e dor se alastrar de tal modo que não a sinto mais?

Vulnerável (até quando tento não ser)

Ana

em um estado de perplexidade permanente com aquilo que chamam de amor